Segurança é uma questão de educação!

A Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) apresentou hoje o tema da Campanha da Fraternidade 2018 que será “fraternidade e superação da violência”, tendo como lema “em Cristo somos todos irmãos” (Mt 23,8).
Devido ao seu alto grau de complexidade, o tema “violência” foi discutido, refletido e aprofundado antecipadamente em um seminário que aconteceu no dia 09 de dezembro de 2016 na sede da CNBB em Brasília, contudo, apesar de todas as mobilizações proativas e reativas implementadas no País, infelizmente ainda não conseguimos avançar na busca de soluções efetivas.
Meu entendimento passa pelo “olhar diferenciado” que deverá ser redirecionado para não somente os problemas da violência, mas também para as oportunidades de reavaliarmos os “eixos educacionais” que comprometem consubstancialmente quaisquer intervenções voltadas ao curto prazo.
Defendo esta premissa, em função de entender exatamente o que todos já sabem: A violência é um problema que passa pela falta de educação das pessoas!
Portanto, precisamos melhorar a educação nos “eixos educacionais”, os quais, volto a dizer, no meu entendimento estão praticamente falidos, respeitando-se obviamente as proporções, inerentes aos que possuem melhores condições de acessar modelos diferenciados.
Ou seja, se pensarmos no “eixo familiar” como berço da educação, entendendo que hoje normalmente uma família precisa ter duas rendas, observamos a ausência dos Pais, diante de Filhos que estão totalmente entregues aos celulares e games. E o pior, fazendo apologia a “falsos ídolos virtuais”.
Se passarmos para o “eixo da educação escolar”, moramos no lugar mais próspero do planeta em função da sua biodiversidade e reservas extrativistas e minerais extremamente cobiçadas, porém, com o pior resultado no quesito educação do País. Para se ter um efeito comparativo o nosso vizinho Amazonas-AM, cito que no final do ano de 2010, duas escolas estaduais estavam tendo os seus respectivos sistemas de gestão certificados com a NBR ISO 9001 e mais trinta e cinco se credenciando para um posterior agraciamento. Hoje existem escolas no vizinho estado que possuem além desta certificação, a NBR ISO 14.001. Comparativamente a nossa realidade, não temos sequer nas escolas particulares um modelo de sensibilidade a qualidade, capaz de fazer principalmente com que os Professores evoluam no conceito de ensinar tecnicamente, para uma formação mais conceitual de “cidadãos de bem”.
Diante deste caótico cenário, estes “alunos” migram para a “educação acadêmica” que, também respeitando as proporções, principalmente em instituições particulares, distribui vagas em “vestibulares agendados” com todas as facilidades para quem se dispuser a pagar ou ainda, estiver patrocinado pela indústria de subsídios do governo federal, voltadas aos empresários do setor das faculdades, fazendo com que que a cada ano sejam “jogados” no mercado um amontoado de profissionais que se candidatam a receber cada vez mais salários menores, em função na natural lei da oferta e procura. E o pior de tudo isso, diz respeito ao sistema de “caça às bruxas” aos professores dedicados, capitaneado por instituições que querem vender diplomas e alunos que estão dispostos em comprar, pois, ou o “pacto da mediocridade” prevalece ou aquele que não distribui notas é demitido, “para o bem de todos e felicidade geral da nação que vivemos”.
E para piorar um pouco mais, é a “educação acadêmica” que irá conduzir os integrantes da “educação corporativa”, a qual, por ser decorrente de um sistema que na maioria das vezes, ao invés de “formar” acaba “deformando”, redunda no que todos já sabem com relação aos índices de produtividade dos nosso País que está muito aquém daquilo que deveríamos ter. E se levarmos em conta ao estado do Pará, a questão piora ainda mais.
Mas o que a campanha da fraternidade tem com isso? E a igreja? Ou melhor, as igrejas de um modo geral, com o processo educacional?
Vejo que o “eixo religioso” deveria regular os demais ou ainda, corrigir na medida do possível os quatro outros supracitados, porém, para que isso viesse a ser possível, alguns desafios deveriam ser vencidos, independentemente da opção religiosa, tais quais, dentre outros:
[if !supportLists]1. [endif]Enfatizar o fato de “ser igreja”, diante de “ir para a igreja”.
[if !supportLists]2. [endif]Enaltecer não o “poder da palavra” e sim da “atitude diante da palavra”.
[if !supportLists]3. [endif]Legitimar lideranças religiosas através de “bons exemplos” em detrimento dos “maus exemplos” amplamente noticiados.
[if !supportLists]4. [endif]Aprimorar homilias para que traduzam passagens bíblicas analogicamente com exemplos de ensinamentos voltados ao dia a dia.
[if !supportLists]5. [endif]Ajustar discursos que enaltecem o continuo perdão de Deus, substituindo o conceito do “Deus que perdoa sempre” pelo “Deus da cobrança”. Cobrança esta que enalteça principalmente a “dignidade”, como pressuposto fundamental para alguém frequentar uma igreja.
Concluindo a minha linha de raciocínio e para que não recorra em delongas, tive a intenção de sugerir neste artigo que venhamos a pensar na solução dos problemas de segurança com a projeção de ações eficazes voltadas ao médio e longo prazo, através do aprimoramento de atitudes, posturas e comportamentos dos "principais atores” responsáveis pelo que eu entendo ser os “cinco eixos educacionais”.